domingo, 1 de março de 2009

Crítica: O Passado

Do mesmo diretor do grande sucesso Carandiru, O Passado tem tudo para desagradar o público, a não ser pela presença de Gael Garcia Bernal.

por Fernando

O filme é uma produção da Argentina com o Brasil e conta com o roteiro e direção de Hector Babenco. Nele, Gael Garcia Bernal interpreta Rímini, um jovem tradutor que foi casado há 12 anos com Sofia e o filme se inicia quando os dois anunciam que depois de tantos anos juntos estão se separando. O interessante é que na cena, eles dão a notícia após verem junto com os amigos um vídeo caseiro antigo da festa de casamento dos dois, onde mostram dois adolescentes apaixonados e felizes, fazendo um contraste entre o passado feliz do casal e a atual situação dos mesmos, que depois de alguns desentendimentos decidem se separar, amigavelmente.

Sofia demonstra logo de inicio que ama muito Rímini, e que não está feliz com a separação, diferente dele, que está decidido a levar sua vida adiante, seguir um novo rumo. Os dois passam a separar os móveis, os objetos, as fotos e decidem quem ficará com o que, e nesse caos da separação, Rímini acaba conhecendo Vera, uma linda modelo que sofre por amor. Eles começam a namorar, ela é de um temperamento difícil, é ciumenta, assim como Sofia, mas ele a ama. Até que Sofia não se conforma por ele conseguir simplesmente esquecer dela e seguir em frente e decide o beijar a força no meio da rua, Vera acaba vendo e no surto acaba sendo atropelada. E morre.

Após o acontecimento, Rímini perecebe que Sofia está ficando louca, é obsecada por ele e não consegue viver sem ele. E o jovem, mais uma vez, decide seguir em frente, esquecer o passado. Nisso, ele conhece Carmen, uma companheira de trabalho, ela por sua vez, é diferente de Vera e Sofia, é madura, inteligente e sabe viver pacificamente um relacionamento. Ele se casa com ela, tem um filho e quando ele acredita estar seguindo, enfim, o caminho certo para a felicidade, ele passa a ter alguns surtos, recorrente da morte de Vera, começa a esquecer os idiomas que tanto traduz, perde trabalho, e começa a perder a noção das coisas. Mas com a ajuda de Carmen e com a motivação do nascimento do filho, ele começa a se recuperar.

E mais uma vez, quando tudo parecia perfeito, Sofia volta, e começa a jogar sujo, o leva para um motel, faz com que Carmen descubra e acredite que ele a traiu e para piorar, ela pede o divórcio e impede que Rímini veja seu filho. A vida do jovem acaba de vez, Sofia, por loucura destrói sua vida, o arranca tudo o que ele mais amava, tudo por amor, tudo para ter ele só para ela. E mesmo depois de tanta enganação, mentiras e sofrimento, ela ainda tenta com todas as forças resgatar o romance, pois ela ainda acredita que a história de amor entre eles ainda não acabou e que a separação só foi um capítulo a parte dessa história.

Como já foi dito, O Passado tem tudo para não agradar o público, é monótono, dramático e muito meloso. As atuação são ótimas, principalmente de Gael Gracia Bernal que mais uma vez surpreende no que faz. Mas mesmo assim, ele não contribui para o filme ser melhor, sua atuação é eficiente mas está no filme errado.

O roteiro é de deixar qualquer um irritado, pois tudo dá errado, sabemos desde o ínicio que ninguém vai ser feliz vivendo dessa meneira e assim vai, nenhuma reviravolta, só drama, tristeza, relacionamentos infelizes.

Rímini seria a personagem que o público deveria torcer pra se dar bem no final, mas ele é sofredor demais, tudo bem que sua vida e Sofia não colabora, mas em nenhum momento, ele se esforça para ser feliz de verdade, de lutar pelo o que ele quer e isso irrita, pois Sofia faz tudo errado, destrói a vide dele e ele simplesmente permite que tudo aconteça, não se revolta. O filme inteiro esperamos o momento em que ele surtasse de verdade e falasse tudo o que sentia para Sofia, toda a raiva que ele deveria sentir (se ele realmente fosse um humano), mas essa cena, infelizmente, não acontece.

Ou seja, qual o sentido do filme? nenhum. Talvez Sofia fosse a personagem mais humana do longa, ela é verdadeira, seus sentimentos são reais e é possível, sim, que possa existir alguém doente como ela por amor. Mas o roteiro é fraco, não chega a nenhuma conclusão, por isso, o filme passa a não ter sentido. O Passado acaba e ficamos pensando: "Por que alguém em sã consciência escreveria isso?".

Não perca seu tempo precioso assistindo esse drama forçado, com poucos bons momentos ( por incrível que pareça, existem). Foi o último trabalho do excelente ator brasileiro, Paulo Autran, que por sua vez, está ótimo em uma pequena participação. Hector Bebenco como diretor, até que funciona, mas como roteirista de O Passado, completa decepção. O filme poderia ser bom, mas falha no final, estragando toda a projeção. Até mesmo os apaixonados por filmes de romance, passem bem longe.

NOTA: 4

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