quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Crítica: Um Olhar do Paraíso (The Lovely Bones, 2009)

Filme que chegou aqui no Brasil no início do ano, e conta com a direção do aclamado Peter Jackson, trás uma história interessante, mas um resultado nem tanto assim!

por Fernando Labanca


Muito se comentou deste longa no período de suas gravações: "novo filme de Peter Jackson fala sobre uma jovem estrupada e assassinada!!!!". Dakota Fanning estava envolvida no projeto, mas foi proibida pela família pela temática muito forte. Já tinha cara de ser um dos grandes indicados ao Oscar. Enfim, na grande premiação, foi esquecido, ficando apenas com a indicação de Melhor Ator Coadjuvante para Stanley Tucci e quando chegou ao Brasil dividiu a crítica e todos viram que se tratava de uma obra muito abaixo de qualquer expectativa.


Na história, década de 70, Susie Salmon vive feliz com sua família, seu pai Jack (Mark Wahlberg), sua mãe Abigail (Rachel Weisz) e sua irmã Lindsey (Rose McIver). São da classe média e vivem no subúrbio da Filadélfia. Susie era feliz, isso era nítido, tinha a fotografia como hobbie e na escola uma paixão por um jovem de sua classe, Ray. Até que descobre que essa paixão pode ser correspondida e marca um encontro com o jovem. No mesmo dia, enquanto voltava para casa, depois da escola, se depara com seu vizinho, o solitário George Harvey (Stanley Tucci), ele a convida para conhecer uma de suas invenções, uma "casa" subterrânea. Susie aceita o convite. Ela é estrupada e assassinada.


Com a trágica notícia, a família Salmon não aceita os fatos. Abigail não aguenta a pressão e vai embora de casa, por outro lado a família ganha a chegada da avó de Susie, Lynn (Susan Sarandon). Descontrolado com a situação, Jack começa uma busca interminável ao assassino de sua filha, não confiando na incompetência dos policiais. Em outra dimensão, Susie numa espécie de limbo, o paraíso, onde ainda não se desligou de seu corpo totalmente, acompanha a trajetória daqueles que ficaram, suas desilusões, seus desejos de vingança e percebe que muito do que ela era permanece, um encontro com Ray que não aconteceu, sua família que não se despediu e um assassino que continua sua vida como se nada tivesse acontecido. No fundo ela ainda deseja um fim para essa história e só assim se desligaria por completo.




"A história de uma vida e tudo que veio depois", Um Olhar do Paraíso nos mostra com bastante delicadeza essa trajetória pós-morte, não se trata de uma conversão ao espiritismo, mas sim, nos mostra a história de uma morte e tudo o que dela permanece na vida daqueles que ficam. E essa delicadeza, Peter Jackson nos mostra através de diálogos interessantes, efeitos especiais e uma fotografia que nos remete a um sonho, tudo extremamente belíssimo, usa cores leves onde em cada cena tem um significado para estar lá, através das cores, percebemos a tensão, o desespero ou a sensibilidade daquela que nos narra, Susie Salmon.



Por outro lado, essa delicadeza chega ao extremo. Como contar uma história sobre uma jovem de 14 anos, assassinada de forma tão trágica, de forma tão angelical? Não faz sentido e isso torna o filme estranho e imcompreensível. Peter Jackson optou por não levar essa história ao dramalhão, tranformando esse trágico episódio em algo poético, belo aos olhos, fantasioso. E devido a isso, foge completamente da realidade, faz tudo parecer uma mistura de comercial de sabão em pó e margarina, de tão belo que é, e essa delicadeza definitivamente não se encaixa no contexto!


Outro fato que se torna imcompreensível são as personagens. Colocar uma atriz do nível de Rachel Weisz num papel tão patético, sua participação se torna tão inutil e isso não deveria acontecer, aliás ela é a mãe daquela que morreu, mas felizmente (ou não) logo sai de cena. Mark Wahberg se esforça de uma maneira como poucas vezes se esforçou em sua carreira, compreende seu personagem e interpreta de forma convincente, entretanto, o desenvolvimento e o roteiro escrito para Jack Salmon também é fraco e todo seu esforço vai para o ralo. Susan Sarandon está ótima, a personagem mais engraçada, levanta o astral completamente, mas parece fazer parte de outro filme e sua personagem também não faz o menor sentido na trama.


Ok, esses dois merecem um parágrafo para eles: Stanley Tucci e a protagonista Saoirse Ronan. Ele, ator veterano, indicado ao Oscar esse ano por sua atuação, realmente merece destaque, constrói um personagem interessantíssimo, o que melhor foi desenvolvido na trama. Uma atuação memorável digna de elogios. Já Saoirse, jovem atriz, entra de cabeça em seus projetos, definitivamente faz desse filme ser muito melhor do que deveria ser, se ela não fosse a protagonista não sei o que seria de "Um Olhar do Paraíso", ela segura o filme nas costas e o carrega até o final, sem derrapar. Enfim, esqueça a direção imcompreensível de Jackson, efeitos especias, atrizes como Rachel Weisz e Susan Sarandon, este filme se resume a somente dois elementos: Saiorse Ronan e Stanley Tucci!



Sim, o longa está abaixo de minhas expectativas, que sinceramente era bem altas. Mas mesmo assim, recomendo e com certeza verei outras vezes. Apesar de imcompreensível e muitas vezes Peter Jackson derrapar legal em sua direção (aliás existem cenas tão mal feitas que até se esquece que é feito por ele!), o filme merece ser visto, pelo menos uma vez, nem que seja para criticar, mas não merece a indiferança. Apesar dos pezares, é bonito, emocionante em determinadas sequências, engraçado em outras, o filme ainda trás grandes cenas e um final até que interessante. Não deixe que este longa passe despercebido. Recomendo, mas não tenha tanta pressa!


NOTA: 7

Trailer Legedado

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