domingo, 1 de maio de 2011

Cinema: Água Para Elefantes (Water for Elephants, 2011)

Baseado na Obra de Sara Gruen, "Água Para Elefantes" é dirigido por Francis Lawrence, conhecido por "Eu Sou a Lenda" e "Constantine" e conta com roteiro de Richard LaGravenese (de "O Pescador de Ilusões" e "P.S. Eu Te Amo"). E para desespero de alguns e delírios de outras, tem Robert Pattinson como protagonista, mas ainda conta com os oscarizados Reese Witherspoon e Christoph Waltz.

por Fernando Labanca

Logo de início conhecemos, Jacob Jankowski (Hal Holbrook), um senhor de idade, que acaba de fugir de uma casa de repouso e vai parar num circo, despertando a curiosidade de um funcionário (Paul Schneider) que ao descobrir que o senhor trabalhava no "Circo dos Irmãos Benzini" tenta entender o que realmente aconteceu em 1931, onde ocorreu o pior acidente de um espetáculo. Voltando no tempo para lhe contar o tal ocorrido, Jacob se lembra do grande momento de sua vida, aquele fato que mudou todo seu destino.

Década de 30. O jovem Jacob (Robert Pattinson), que veio de uma família pobre polonesa, é um estudante dedicado de veterinária, enquanto os norte-americanos passavam tempos difíceis devido a Depressão causada pela Crise Econômica. Tudo muda quando seus pais morrem num acidente de carro, o que para sua surpresa não lhe sobra nada, nem mesmo a casa. Pega sua mala, abandona a faculdade e sem família e dinheiro tenta chegar a cidade mais próxima a procura de emprego, eis que surge um elemento que altera seu destino, um trem, que o leva para um mundo encantado, o circo dos Irmãos Benzini, o "show mais espetacular do mundo". Lá, ele conhece anões, belas mulheres e animais de várias espécies, conhece a magia e o encanto das apresentações. Ao conhecer os veteranos do local, é enviado para August (Christoph Waltz), o chefe durão que ao saber que Jacob é um estudante de uma renomada faculdade o coloca ao seu lado direito, como veterinário oficial.

Nisso, Jacob se torna mais um membro dentre os tantos trabalhadores do lugar. E lá que ele conhece Marlene (Reese Witherspoon), uma amazona, responsável pela melhor apresentação do circo e também esposa de August, sua doçura e brilho logo o encantam, mas sabe que não poderia passar do simples desejo. É quando a apresentação de Marlene é arruinada pela morte de um dos cavalos, Jacob acaba se aproximando dela, isso porque August compra uma elefante e o nomeia seu treinador e a bela moça voltaria a ser a estrela ao lado do novo animal. E aos poucos, todo este encanto vai acabando, ao descobrir a verdadeira face deste chefe, cheio de altos e baixos, ora cativante e ambicioso, ora um homem cruel e violento, capaz de bater em um funcionário e machucar os animais, é então que surge em Jacob um certo espírito de herói, aquele que enxerga o que há de errado e só precisa encontrar as armas certas para resgatar aquele encanto perdido de um local dominado pelo medo e imposições de um homem descontrolado, além de salvar sua grande paixão, Marlene.


Francis Lawrence é um diretor interessante, soube traspor para as telas duas obras complicadas, Constantine e Eu Sou a Lenda. Em "Água Para Elefantes", ele está mais limitado, não ousa tanto, é um filme muito caprichado e feito na medida para não errar. Por outro lado, soube usar sua câmera muito bem, conseguiu elaborar planos interessantes, captura cada movimento de forma brilhante, todas as cenas dos espetáculos, por exemplo, são belíssimas. O ínicio, quando Jacob conhece o local das apresentações, enquanto nós também, como público, conhecemos junto com ele, é tudo realmente muito mágico e Francis consegue com competência nos dar essa impressão. Salvado também pela mais que excelente fotografia e trilha sonora bem utilizada. Enfim, seu visual, literalmente, é um espetáculo.

O erro do longa, por sua vez, não está nas mãos de Lawrence e sim do roteiro. Muito raso, explora muito pouco cada elemento presenta na história, principalmente nos personagens e este foi o maior deslize, ao meu ver, a pouco importância dada para os protagonistas. August é de longe a personagem mais interessante e é por ele que nos interessamos e nos prendemos ao filme, entretanto, faltou mais, faltou mais diálogo, faltou nos mostrar mais deste, que deveria ser um personagem quase que memorável, mas infelizmente, isso não ocorre, acredito que a correria do roteiro não permitiu que conhecessemos gradativamente suas oscilações como pessoa, o que é uma pena. Marlene de Reese Witherspoon é a grande decepção, são uma ou duas falas interessantes, personegem pouquíssima aproveitada, e olha que tinham uma grande atriz para interpretá-la, e mesmo assim não se importarem e construíram uma mera coadjuvante sem peso e sem emoção. Jacob é bem desenvolvido, mas faltou um ator mais expressivo. Em suma, a pressa e aceleração de ir para os finalmente, acabou que tendo sequelas, e os maiores prejudicados foram os personagens e ter personagens fracos é péssimo para o desenvolvimento de uma trama.

Robert Pattinson. É até complicado criticá-lo, logo que ele se esforça e isso é nítido, acredito que há uma busca pessoal para apagar a visão que o público tem dele, apagar de vez a face do vampiro Edward, da serie Crepúsculo. Foi um bom começo, mas ainda assim faltou mais, faltou mais expressão, se jogar mesmo ao personagem, e no final ele acaba cumprindo só a função de galã. Reese Witherspoon, com uma personagem fraca não tinha como se destacar mesmo, mas seu carisma e seu brilho ainda estão presentes, o que é bom. Christoph Waltz se destaca com seu August, diria até que um pouco caricato demais, mesmo quando já não mais estava apresentanto o espetáculo, e ainda trás traços de seu vilão de "Bastardos Inglórios", mas ainda assim, convense. Quem também brilha na tela é a elefante Rosie, entra lá pela metade do filme e logo nos encantamos e acaba que tendo uma função importantíssima no desenvolver da história e por ela, sofremos e nos emocionamos (aliás para quem gosta e se preocupa com animais tanto quanto eu, há emoção até demais! Haja coração). Aliás, é com ela que Robert tem maior química, já que o casal Jacob e Marlene não convense.

Piegas, clichê e final previsível (não deixando de ter pequena surpresas, mas no geral...), "Água Para Elefantes" não trás nada de novo, o casal principal não convense e em nenhum momento torcemos para que fiquem juntos, erro do roteiro, que acelerou e não conseguiu nos provar de que era por eles que deveríamos torcer. Faltou colocar humanidade aos personagens e nos fazer entender seus sofrimentos. Enfim, fora esses defeitos, o longa é muito bem produzido, figurinos, cenários, há sequências belíssimas e muito bem planejadas, há a elefante Rosie e no geral, o filme flui bem, é tudo muito certinho, mas é algo assistível e longe de ser ruim, ainda há emoção, conflitos necessários para nos prender a atenção, todo o básico que um filme de drama tem que ter, tem e em bom estado. Me envolveu, em grande parte devido a sua beleza estética, mas ainda há uma certa curiosidade para ver o que aconteceu de tão marcante na vida de Jacob para depois de tantos anos ele olhar para trás com tanta emoção e qual foi o tal fato marcante de 1931. Dá para arriscar, foi abaixo das minhas expectativas, mas não foi dinheiro nem tempo jogado fora, há beleza e no meio de tanta coisa ruim que chega no mercado, "Água Para Elefantes" vale a pena e como forma de entretenimento, funciona. Um filme sobre os imprevistos da vida, que nada está sob nosso controle, a vida é cheia de surpresas e esta sim é o maior espetáculo do mundo, e que não há experiência que um diploma possa nos dar! Clichê, correto, simples, mas belo!

NOTA: 7













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