sexta-feira, 22 de julho de 2011

Cinema: Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte II


11 anos. Me lembro quando, aos meus 10 anos de idade, fui ao cinema ver "Harry Potter e a Pedra Filosofal", não fazia idéia do que aquilo significava ou muito menos o que aquilo significaria para a história do cinema. Não conhecia o livro e ia mesmo para ver os efeitos especiais, a partir de então, ver Harry Potter nos cinemas virou quase que um ritual, vi exatamente todos na tela grande, sou um daqueles que cresceu junto com Harry e seus amigos e hoje vejo que valeu muito a pena, me dedicar a esta obra que somente quando tive mais idade para discernir o que é ou não é de qualidade é que consegui enxergar que a franquia não só era uma das mais longas de todos os tempos, como também fora uma das melhores, um filme que definitivamente entrou para a história, uma saga que respeitou tanto a obra original, quanto seus fãs, uma obra que resgatou o que houve de melhor na fantasia e na aventura, uma saga que há anos não se via igual, que recolheu fãs de todas as idades e que os prendeu até seu fim, um fim, digamos, épico, um fim antológico que deixa sua marca. Dizer adeus a uma franquia nunca foi tão difícil.

por Fernando Labanca


Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte II (Harry Potter and the Deathly Hallows: Part II, 2011)

Para começar, foi o primeiro "Harry Potter" que vejo já tendo lido o livro antes, logo que este semestre me dediquei, além dos estudos da faculdade, em ler do primeiro ao último livro de JK Rowling e só posso dizer que é uma obra fantástica, superior a todos os filmes feitos. Também não pude deixar de analisar o fato de Chris Columbus, o diretor responsável pelos dois primeiros, ter feito um excelente trabalho, conseguiu transpor para a tela o universo de JK, sem sua criatividade e o excelente trabalho de sua equipe, esta franquia não alcançaria seu sucesso com tanto primor. Passando pelos corredores de Hogwarts, a construção dos conflitos e o desenvolvimento das personagens, tudo foi perfeitamente planejado e por isso, apesar de nunca ter alcançado o nível da narração de JK, pode-se dizer, todos, foram grandiosas adaptações.

Alfonso Cuarón com seu "Prisioneiro de Azkaban" e Mike Newell com "O Cálice de Fogo" atingiram um dos pontos mais altos da franquia, onde a aventura ganhou mais força. Logo depois David Yates foi o responsável pelos próximos, e foi ele quem deu um tom mais dark para a saga, aliás, estética muito necessária, logo que a partir de "A Ordem da Fênix" a jornada do "Menino que Sobreviveu" realmente evolui, amadurece, o público de "A Pedra Filosofal" também havia crescido e acredito que este foi o maior mérito de "Harry Potter" nos cinemas, ter feito a franquia crescer junto com aqueles que assistiam, sem deixar de conquistar novos fãs. Mas foi em "Relíquias da Morte" que a saga chegou a seu auge, felizmente, tanto a primeira parte quanto a segunda foram adaptações riquíssimas além de terem sido filmes de grandiosa qualidade. Aliás, a divisão em dois longas foi uma escolha sábia, na primeira parte, há os conflitos entre as personagens principais, há mais texto, mais diálogo e mais explicação sobre o que aconteceria no futuro. Já na segunda, a ação ganha mais força, o filme encara de vez seu final, com mais aventura, mais batalhas, ou seja, tudo aquilo que não teve em nenhum outro filme e fecha com maestria, capaz de emocionar os menos aficionados.

Em "Relíquias da Morte- Parte II", vemos Harry (Daniel Radcliffe), Hermione (Emma Watson) e Rony (Rupert Grint) partindo numa jornada sem volta, em busca das últimas horcruxes, ou seja, os últimos pedaços de alma que restavam de Lord Voldemort (Ralph Fiennes) que após encontrar a "Varinha das Varinhas" no túmulo de Dumbledore, passa a verificar suas horcruxes logo que percebe que Harry está atrás delas. Juntos, eles vão atrás da "Taça de Hafflepuff" que estava no cofre de Belatriz Lastrange (Helena Bonham Carter) no Banco de Gringotes, depois tentam chegar a Hogwarts, pois Potter sabia que Voldemort havia guardado alguma na escola, justamente a que faltava, o "Diadema de Ravenclaw". Para chegar em Hogwarts, os amigos contam com a ajuda do irmão de Dumbledore, Aberforth. Na escola, reencontram com todos os amigos, inclusive com Neville (Mathew Lewis) e Luna (Evanna Lynch) que junto com outros alunos aguardam o sinal de Potter para lutarem, o problema que Harry não tinha um plano muito bem planejado, mas ele não estava sozinho, estava junto de seus fiéis companheiros e até mesmo dos professores que se aliam para dar um fim em Lord.

Até que Voldemort chega em Hogwarts e dá seu ultimato, um duelo marcado com seu grande inimigo, Harry Potter, que por sua vez, percebe que este é seu fim e compreende toda sua jornada, os porquês de estar ali, a verdade sobre Dumbledore e principalmente, a verdade sobre Severo Snape, que guarda as lembranças que definiram toda sua vida.


Um belo final, e que final! É realmente muito bom criar expectativas sobre um filme e perceber ao seu término que ele não decepciona em nenhum ponto. Um filme que mereceu ser aguardado, ser esperado por 11 anos, um final não menos que muito marcante, uma batalha final tão aguardada quanto o término de Star Wars na década de 80 ou até mesmo "A Vingança dos Sith" em 2005 que fazia a ligação da trilogia recente com a antiga. Em outras palavras, fazia muito tempo em que o cinema e o público não celebrava um fim tão épico, que o público não se apegava a uma história e torcia para seu gran finale. É então que refletimos, quando sentiremos isso mais uma vez? Quando é que uma fantasia e a aventura chegará ao nível das produções de Harry Potter? Por isso, ver um final nunca foi tão difícil, termina aqui uma era.

Este é o melhor de todos, fato! O que é ótimo, pois é exatamente o que esperamos de uma saga, que o último seja o melhor. "As Relíquias da Morte-Parte II" não desaponta, tem tudo que um grande filme de aventura tem, mais do que isso, tem tudo que o final de uma franquia necessita para ser memorável. Os bons efeitos especiais se superam e criam ótimas cenas, destaque para a fuga dos jovens amigos de Gringotes com a ajuda de um dragão, excelente sequência, sem deixar de citar as incríveis batalhas que se seguem da metade para o final, finalmente elas existem em "Harry Potter" e em dose certa, capaz de empolgar e nos prender na trama. Batalhas, aliás, ignoradas no livro de JK Rowling, que termina a saga de forma morna, para minha felicidade, no filme, o final é mais digno, há mais emoção nas lutas e Voldemort se torna um vilão mais interessante nas mãos de David Yates.

Como adaptação, o filme é incrível, há sim muitas mudanças, mas nenhuma que comprometa o resultado final, muito pelo contrário, como já disse, há sequências superiores aos do livro. E por isso tem tudo para agradar os fãs e tem tudo para agradar aqueles que só acompanharam Harry nos cinemas, responde todas as perguntas e não deixa nenhuma ponta solta, é realmente o fim. Uma obra acima de tudo, que emociona, sim, emociona! Para quem curte muito a saga, se prepare para as lágrimas! Onde cada detalhe parece emocionar, pois temos a sensação de "esta é a última vez que veremos isto", cada personagem que aparece e são muitos, surgem na tela com um ar de adeus. Personagens, talvez tanto os livros quanto os filmes deram certo devido a eles, em grande parte, a obra não seria a mesma sem Hermione e Rony, não há como não amar esses dois. O que falar de Gina (Bonnie Wright) e todos os Weasley? Lupin (David Thewlis) e Tonks (Natalie Tena) ? E o retorno de Dumbledore e Sirius (Gary Oldman)? A força de personagens que surpreendem como Neville, Luna e a professora Minerva (Maggie Smith) e enfim, o que falar de Severo Snape (Alan Rickman)? Está nele a grande surpresa do filme em um dos momentos mais emocionantes de toda a saga.

Um filme que fala sobre amizade, é claro. Parece bobo e uma moral batida, mas lendo os livros e vendo o filme, percebemos o quanto isto é diferente e muito mais intenso aqui. Nos afeiçoamos a eles, conhecemos eles perfeitamente bem, aliás foram 8 filmes! É realmente bonito ver Harry Potter se entregar e ver que ele era o alvo, ao mesmo tempo em que ele se depara com todos lhe ajudando, colocando suas vidas em risco, perceber que ele definitivamente não estava sozinho! É interessante ver Neville crescendo como pessoa e perder sua baixa-estima quando todos passam a apostar em seu potencial, ou quando Aberforth compreende que nem tudo está perdido e que vale a pena lutar quando se tem esperança de um mundo melhor. É bonito ver Potter e sua preocupação não só em lutar, mas se preocupando que no final de tudo pudesse encontrar seus amigos para contar como foi, eles eram seu apoio, seu suporte, sua maior fonte de inspiração para querer entrar nesta batalha. E este amor que existe entre as pessoas, nas relações do dia-a-dia vale muitos sacrifícios e como Dumbledore diz em certo momento: "Não tenha piedade dos mortos, tenha piedade dos vivos, principalmente aqueles que vivem sem amor".

Os atores também estão incríveis, o trio principal cresceu a cada filme e neste marca um grande momento de cada um, ainda que na primeira parte tiveram uma chance melhor de provar algum talento. Entre os coadjuvantes vemos atores britânicos de alto nível, como Helena Bonham Carter, Ralph Fiennes e Maggie Smith, simplesmente fantásticos. Destaque também para Alan Rickman que nos emociona mostrando finalmente sua fragilidade como Snape. Além das participações de Gary Oldman, Jason Isaacs, Jim Broadbent, Emma Thompson, John Hurt, Michael Gambon como Dumbledore e Robie Coltrane como nosso querido Hagrid.

Este foi o fim! É triste até pensar nisso. Quando o filme acaba o que se sente além de uma grande emoção, é um vazio. Vazio de uma história que não mais retorna, é como um triste adeus a um amigo querido. Vale a espera, um filme muito bem feito, fiel a obra de JK Rowling, com bons efeitos especiais, figurinos, fotografia e a bela trilha sonora de Alexandre Desplat, além das atuações convincentes. "Harry Potter" com este último capítulo entra para a história do cinema, como uma das mais longas franquias já feita, onde toda a equipe e os atores se comprometeram a seguir até o fim e este é seu outro grande mérito, foram fiéis e respeitaram o público, coisa rara quando se fala de blockbusters e este é um dos melhores já feito. A aventura perde este ano uma grande obra, uma grande idéia. Um filme que marcou não só a história, mas como toda uma geração! Uma obra que será lembrada daqui muitos e muitos anos.

NOTA: 10






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