sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Crítica: Amizade Colorida (Friends With Benefits, 2011)

Você já deve ter se perguntado o porquê das comédias românticas nunca mostrarem um relacionamento de verdade, desde a maneira como o casal se conhece, passando pelos conflitos até seu final, por muitas vezes, irreal, nos mostram uma fantasia, algo que nunca aconteceria. Pois bem, "Amizade Colorida" vem para questionar tudo isso, e se sai muito bem!

por Fernando Labanca

O longa conta com a presença de Mila Kunis e Justin Timberlake, dois ex-coadjuvantes de peso em recentes filmes premiados, ela em "Cisne Negro" de Darren Aronofski, ele em "A Rede Social" de David Fincher, agora, os dois protagonizam e ambos tem espaço de sobra para provar talento. Dirigido por Will Gluck (de "A Mentira"), o filme muito antes de ter sido lançado já era comparado com outra produção, "Sexo Sem Compromisso", recentre trabalho de Natalie Portman e Ashton Kutcher, que mostrava a relação de dois amigos muito íntimos baseada somente no sexo. Mas desde o ínicio de "Amizade Colorida", percebemos que se trata de uma história bem diferente e no resultado final, é bem superior ao filme de Portman.

Conhecemos Jamie (Kunis), uma bela moça que trabalha recrutando e encaminhando pessoas para grandes empresas, é assim que conhece Dylan (Timberlake) que se interessa numa vaga como editor de sites, área que possui grande conhecimento, mas tem dúvidas sobre morar em Nova York, até que Jamie como parte de seu trabalho, convense o estranho a ficar e prova o quanto a cidade é fantástica e quanto ele cresceria profissionalmente. Assim, surge uma inesperada amizade, logo que ele não conhecia ninguém no local e ela passa a ser sua única companhia. Eis que certo dia, ambos discutem sobre a carência que sentem de sexo, e assim surge uma espécie de pacto, onde transariam quando sentissem vontade e nada de relacionamento sério, ninguém se afeiçoando a ninguém, somente sexo, nada além disso!

Jamie, por sua vez, sempre foi fã de comédias românticas e sempre se questionou porque os relacionamentos perfeitos não existem na vida real, e nisso acaba que criando um bloqueio emocional em si mesma, e mesmo "estando" com Dylan se arrisca em outros relacionamentos paralelos mas que fracassam e acaba sempre parando nos braços de seu "amigo". Até que quanto mais tempo os dois passam juntos, um vai conhecendo mais o outro, a família, os erros do passado, os medos, as fraquezas de cada um e sem que percebam vão criando um laço muito forte entre eles, uma conexão que não haviam planejado.


Gosto de comédias românticas, mas admito que elas são ainda melhores quanto tantam fugir do óbvio e tentam seguir um caminho menos fantasioso e mais realista, casos raros como "500 Dias Com Ela" e "Ele Não Está Tão Afim de Você". "Amizade Colorida" é mais um caso raro, que discute de forma não tão madura quanto os outros exemplos, mas ainda assim, de forma inteligente, onde o roteiro acerta o foco e nos mostra de forma bastante eficiente um "relacionamento moderno", ao mesmo tempo em que questiona as mentiras que a ficção nos conta e como o cinema influencia nossa mente nos fazendo acreditar em mulheres ou homens que não existem. Assim, conhecemos Jamie, aquela que se apega ao cinema e diz não acreditar em relacionamentos como os da ficção, mas que no fundo, ainda espera aquele príncipe, o problema é que Dylan não é bem aquele príncipe, é humano, é fraco, erra e está longe de ser perfeito.

O roteiro é bom, bem desenvolvido, a maneira como o casal se conhece convense, assim como os problemas que enfrentam e o mesmo digo de seu final. Diferente de "Sexo Sem Compromisso", o roteiro não se perde em outros personagens secundários, o foco aqui é o casal, portanto os temas abordados são trabalhados de forma mais eficiente, e os coadjuvantes que surgem não são inúteis e nem bobos como no geral das comédias românticas. Outro ponto positivo é a trilha sonora, muito bem aproveitada nas cenas, com direito a "Closing Time" do Semisonic, em uma passagem divertida em um flash mob bem estiloso e bem realizado. Entre esta, há outras inúmeras cenas boas, diálogos bem escritos e sequências que ficam na nossa mente mesmo depois de já ter terminado.

Mila Kunis é extremamente carismática, diverte e para completar, atua bem. Apesar de jovem, a atriz já possui uma certa experiência frente às câmeras e soube com competência protagonizar o filme. Justin Timberlake para surpresa de toda a nação, atua bem também, e funciona como ator, e ao lado de Kunis, os dois formam um divertido casal, talvez um dos mais interessantes que surgiu este ano nos cinemas, há uma química incrível entre eles, conversam como se conhecessem há anos, há naturalidade em ambas as performances. Dentre os coadjuvantes, vemos o sempre ótimo Richard Jenkins, Jenna Elfman, boa em cena, Woody Harrelson, impecável como amigo gay de Dylan e Patricia Clarkson na personagem mais exagerada do longa e acaba que se saindo não muito bem.

Uma das comédias românticas mais interessantes deste ano, fato! Vale pela química entre o casal principal, só por Mila Kunis e Justin Timberlake já vale o ingresso. Mas ainda há outros elementos que fazem deste filme, uma obra interessante e muito bem realizada. Perde um pouco a força no meio do filme, mas recupera na parte final e termina muito bem. Apesar de questionar a forma como os relacionamentos amorosos são mostrados no cinema, "Amizade Colorida" não foge tanto dos clichês e por muitas vezes segue um caminho já seguido, tenta driblar mas acaba que caindo na armadilha de ser clichê, mas afinal, que mal há nisso? Quando bem inseridos, clichês são válidos e neste caso, funcionou muito bem. Um filme divertido, bem engraçado, entretenimento de qualidade e que também sabe emocionar! Recomedo.

NOTA: 8,5


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